quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Sai!

Sai
Composição: tony quintino

Não foi você nem eu
Nenhum de nós
Não sou assim, nem seu
Quem sabe a voz

Um rio que vai, só vai
Não volta atrás
O tempo voa
E a vida pede mais

Mais que pode me dar
Cais, Porto, lar

Que seja além
Desde o presente eu já nem sei
E vai chegar
Folhas que o tempo eu vi levar
Esse é o começo e o fim
Posso sonhar

tq

sábado, 27 de setembro de 2014

A descoberta, outro refúgio!

A descoberta, outro refúgio
Composição: tony quintino

Entre as névoas da ilusão
O que é real não se desfaz
Da lenda é o fim
Melhor por si, bem vinda
Ao segredar
Se encontrará lasciva

A passageira quis ficar
E a realeza se despiu
Do céu ao chão
Consagração divina
Um tempo a mais
Que não se desfaz na vida

No cais
Idéias e razões não são bastantes pro amor
Mas um dia se verá à sombra de uma flor

E ao se guardar
Descobre que ainda tem o seu valor
Longe de casa, seu caminho está
Nas verdades desse coração

Não vai passar
A euforia vai te acompanhar
Mas um dia sem saber porquê
Tudo pode então se revelar

tq

terça-feira, 9 de setembro de 2014

Susanna!

Susanna
Composição: tony quintino

Quem dera fosse assim, só meu
Pudera ser de todo seu
Por menos fiz do pranto um mar
E deixo o vento me soprar
Confuso, só, de coração

Quis ser Pierrot, nem percebeu
Senti, há dor, volto a ser eu
Tão incolor, amor nenhum
Ah, dissabor, lugar comum
Sem lua ou sol, em solidão

Passos
Sim, perdi os passos
Não encontro rastros
Ou caminhos pra você

Laços
Não existem laços
Sobra esse cansaço
Rumo ao pó
Não vou ceder

Já nem sei se vou cantar esse amor
Se não merece ser

tq

quarta-feira, 4 de junho de 2014

Fernando Pessoa!

Como é por dentro outra pessoa

Como é por dentro outra pessoa
Quem é que o saberá sonhar?
A alma de outrem é outro universo
Com que não há comunicação possível,
Com que não há verdadeiro entendimento.
Nada sabemos da alma
Senão da nossa;
As dos outros são olhares,
São gestos, são palavras,
Com a suposição de qualquer semelhança
No fundo.

Fernando Pessoa

sexta-feira, 23 de maio de 2014

Inexistente!

Inexistente
Composição: tony quintino

Um dia a mais e é sempre cinza
A chuva faz lembrar o que passou
O então passado se faz presente
A noite fria cai devagar

O inexistente é tão ausente
A sombra desse amor me persegue
E tantos planos inacabados
Que ainda insistem em me rodear

E as promessas que se perderam
Um sonho que ficou pra trás
O vento lá fora quebrando o silêncio
Me leva a lugares distantes daqui

tq

sexta-feira, 7 de março de 2014

Libra!

Libra!
Composição: tony quintino

Inseri teu riso nos meus sonhos
Uma forma de não te perder
Teu beijo doce que se faz lembrança
Esperança viva que me faz viver

A tristeza embala os meus dias
Me leva ao seu jardim sem cor
Transforma a minha vida de alegrias
Num mundo onde reina a dor

Raio de luz
Sol da manhã
Eu sem você sou sublime afã
Espelho de mágoa
Abismo na alma

Laço de ilusão
Se faz canção
Amor intenso em meu coração
Brisa suave
Saudade que invade

Meu coração cavalga em desatinos
Cruza desertos a te procurar
Sigo navegando um mar de espinhos
E a tempestade inunda o meu olhar

A lua traz você em pensamento
Teu rosto lindo a me torturar
O meu amor se perderá no vento?
Somente o tempo quem dirá

tq

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Carlos Drummond de Andrade!


A incapacidade de ser verdadeiro

Paulo tinha fama de mentiroso. Um dia chegou em casa dizendo que vira no campo dois dragões-da-independência cuspindo fogo e lendo fotonovelas. A mãe botou-o de castigo, mas na semana seguinte ele veio contando que caíra no pátio da escola um pedaço de lua, todo cheio de buraquinhos, feito queijo, e ele provou e tinha gosto de queijo. Desta vez Paulo não só ficou sem sobremesa, como foi proibido de jogar futebol durante quinze dias. Quando o menino voltou falando que todas as borboletas da Terra passaram pela chácara de Siá Elpídia e queriam formar um tapete voador para transportá-lo ao sétimo céu, a mãe decidiu levá-lo ao médico. Após o exame, o Dr. Epaminondas abanou a cabeça: “Não há nada a fazer, Dona Coló. Este menino é mesmo um caso de poesia”.

Carlos Drummond de Andrade