sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

Aconchego!

Aconchego
Composição: tony quintino

A vida me presenteou
Bem mais do que eu posso ver
Me deu você
Felicidade se multiplicou
No instante que eu pude entender
Que era você

Que era você pra me guiar na escuridão dentro de mim
Que era você pra me salvar da solidão, das horas frias
Que era você, meu bem

E do amor, nada mudou
Só mesmo tanto amor pra me aquecer
Meu bem querer
Meu mundo se modificou
Se coloriu pra aconchegar você
Quero você

Quero você pra dividir cada segundo de alegria
Quero você pra sonhar junto, sermos um no dia a dia
Quero você, meu bem

E aí
Pra sempre será
O amor que vem do céu ninguém vai duvidar

E aí
Meu tudo, meu lar
Prometo ser assim quando você chegar

tq

sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Mário Quintana!

 Simultaneidade

- Eu amo o mundo! Eu detesto o mundo! Eu creio em Deus! Deus é um absurdo! Eu vou me matar! Eu quero viver!
- Você é louco?
- Não, sou poeta.

Mário Quintana

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Prece!

Meados de 2005, num dia frio de muito chocolate quente escrevi Prece. Esfregava as mãos pra conseguir fazer os acordes enquanto cantava baixinho pra não acordar ninguém...

Prece
Composição: tony quintino

Fechei meus olhos
Só pra não ver o tempo passar por mim
E sem perceber vivi

Assim, as cinzas tornaram-se luz em dias de escuridão
Mas não encontrei lugar

Por vezes por rendição entristeci
Não respirei a paz, quase desisti
Embora não tivesse mudado
Reescrevia as velhas cartas guardadas todas a meu favor

Lancei palavras
Pra me convencer que o medo chegara ao fim
Me fiz entender, sentir

De bem comigo
Eu pude ouvir a voz do tempo dizer
Que tudo acabou, enfim

Um novo sol despontou, o céu se abriu
E a mágoa do coração por fim se extinguiu
Ventos levam dor e saudade
À um passo de um mundo perfeito
Só espero te ver, amor

tq

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

O sabiá e a flor!

Gonzaga, Alceu, Fagner...Foi daí que veio a inspiração pra esta canção.

O sabiá e a flor
Composição: tony quintino

Sabiá bicou a flor de laranjeira
Não sabia sabiá que é o meu amor?
E uma dor chega ligeira

Foi buscando água na fonte cristalina pra beber
Conheci minha Maria, minha sina, meu querer
Me apaixonei por ela e ela por mim também
Deus no céu e ela na Terra, tão perfeito igual não tem

Tantos dias, tantas noites quentes de amor sem fim
Eu e  minha flor Maria, primaveras e afins
Tinha tudo o que eu queria, dei a ela muito mais
Só que o inverno veio logo só pra me tirar a paz

Vi a minha flor murchando, vi no peito a dor nascer
Te reguei de amor Maria,  só não resistiu porquê?
Fui saber por outro canto quem cantava por aqui 
Sabiá esse meu pranto tu serás capaz de ouvir

Hoje longe me arrependo numa triste solidão
Do meu ódio fiz veneno, congelei meu coração
Já não pode minha Maria, o teu sabiá cantar
Se é injusto, quem diria, foste um dia o meu penar

tq


sexta-feira, 3 de julho de 2015

Cecília Meireles!

Motivo

Eu canto porque o instante existe e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste: sou poeta.
Irmão das coisas fugidias, não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias no vento.
Se desmorono ou se edifico, se permaneço ou me desfaço,
Não sei, não sei. Não sei se fico ou passo.
Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
Mais nada

Cecília Meireles

domingo, 14 de junho de 2015

Página 1008!

Canção do final de 2002. Mais precisamente do dia 10/08.

Página 1008
Composição: tony quintino

A nossa história de amor não mais existe
Somente sonhos que restaram vagam pelo chão
A alma negra, um céu tão cinza, o dia está tão triste
Só vejo a dor que nesse instante cala o meu coração

Sinto o seu cheiro
Sinto o seu beijo
No vazio do meu quarto
Me sobram lembranças
Me falta esperança
Sem você do meu lado

O seu amor deixou em mim um gosto tão amargo
A sua ausência encerra toda forma de ilusão
Acreditei um dia que podia ser pra sempre
O tempo vai se encarregar de me dizer que não

Perdi os meus passos
Condeno os meus atos
Não é justo acabar assim
Completam-se os dias
É o fim da poesia
A dor do adeus vem morar em mim

A sua voz ecoa sem cessar
Sangra meu coração
No exílio vem me assombrar
As cinzas dessa paixão
Se juntam ao sal do mar
Noite, escuridão
Revelam-se as trevas do meu coração

tq

quarta-feira, 15 de abril de 2015

Guardado!

Guardado
Composição: tony quintino

Apenas me diga o que quer
Preciso ouvir de você
Afinal, o que quer de mim?

Se o tempo é capaz de curar
Não tenho mais nada a temer
Quais são seus segredos?

Sinto que aos poucos estou desejando você mais e mais
Às vezes paro de frente e me pergunto: por que não?

Um novo caminho se abriu
Com portas que levam ao céu
Ou ao lado contrário

Respostas ninguém sabe dar
Se é certo ou não insistir
Pra estar ao seu lado

Não vejo o tempo nos dando razão pra não ser
Destinos cruzados, selados
Enquanto num beijo navejo o seu mar

Deixa estar
Partir do coração
Teremos no final motivos pra rir de uma cena qualquer?
Só assim
Te ver e poder tocar
É que eu posso sentir seu calor
Te guardo nessa canção
Te guardo pra mim

tq

quarta-feira, 25 de março de 2015

Marina Colasanti!

Eu sei, mas não devia
 

Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.

A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E, porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E, porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E, porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E, à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.

A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora. A tomar o café correndo porque está atrasado. A ler o jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem. A comer sanduíche porque não dá para almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.

A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra. E, aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E, aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz. E, não acreditando nas negociações de paz, aceita ler todo dia da guerra, dos números, da longa duração.

A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisava tanto ser visto.

A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o de que necessita. E a lutar para ganhar o dinheiro com que pagar. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagar mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra.

A gente se acostuma a andar na rua e ver cartazes. A abrir as revistas e ver anúncios. A ligar a televisão e assistir a comerciais. A ir ao cinema e engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.

A gente se acostuma à poluição. Às salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. Às bactérias da água potável. À contaminação da água do mar. À lenta morte dos rios. Se acostuma a não ouvir passarinho, a não ter galo de madrugada, a temer a hidrofobia dos cães, a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta.

A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente molha só os pés e sua no resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.

A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele. Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se de faca e baioneta, para poupar o peito. A gente se acostuma para poupar a vida. Que aos poucos se gasta, e que, gasta de tanto acostumar, se perde de si mesma.

Marina Colasanti