domingo, 2 de fevereiro de 2025

Ensaio sobre a última hora!

Ensaio sobre a última hora

Composição: tony quintino 


Olhos cansados contorcem palavras à 00 hora de um domingo qualquer
Máscaras caem nas ruas, espaços abertos e onde mais quiser
Luzes se apagam a peso de ouro e a memória servirá pra esquecer 
Nenhuma trégua no dia, o som da rotina de brinde pra você

Mas está tudo no ar
Mal pode esperar
Um circo pra ver

Olhos pesados dissolvem palavras à 01 hora de um domingo qualquer
Esses templários fingidos, por certo vendidos à ordem que vier
Uma terceira estrada no fim muda quase nada e nada pode fazer
Nenhuma trégua no dia e o som da quadrilha de brinde pra você

Mas está tudo no ar
Mal pode esperar
Um circo pra ver

Mas a festa não acabou
O barco virou
E o circo é você
 
 
tq 

sexta-feira, 31 de janeiro de 2025

O corpo!

 O corpo

De súbito, levantou-se como quem leva um choque ou acorda de um sonho. Tinha em si uma percepção de olhos bem abertos e testa franzida, daquelas que demonstram imensa surpresa, e na boca a ausência de palavras misturava-se a um gosto metálico e amargo, além de um peso por todo o corpo. Corria por entre aquilo que entendia por veias, ossos e carne, uma sensação diferente de tudo o que já sentira antes, por isso permaneceu em pé, estático, o que não lhe impedia um milhão de ideias e pensamentos. A única certeza que conseguia concluir em resposta era a dúvida e a  perplexidade daquilo tudo.
Pensava que antes de dar algum primeiro passo em direção ao que parecia ser uma porta, precisaria saber o que fazia ali e os acontecimentos que levaram àquele momento, mas não lhe vinha lembrança alguma, só mesmo a incompletude e a clara impressão de não pertencimento. Não se sentia preso, mas sabia que não estava livre, e por mais que estivesse envolto a essa aura confusa de ser ou não ser, decidiu ir adiante, pé ante pé, como se esperasse que o movimento enfim trouxesse alguma lucidez.  
Não trouxe. Não trouxe porque a medida que se julgava fazendo sinapses para concluir o movimento de coordenação motora para o passo, percebeu algo que foi custoso acreditar: não enxergava os pés.
Inicialmente sentiu como se o coração fosse sair pela boca. Pensou em como era possível estar ali em pé sem possuir pés. Quis lembrar ou saber como os perdera, e conforme foi se perguntando e tentando esclarecer essa perda, foi percebendo e notando que não eram tão somente os pés que lhe faltavam, bem como pernas, mãos, braços e todo o conjunto corporal. Essa tomada de consciência de não existir nada  abaixo e também acima dos olhos foi um misto de sentimentos, desde o desespero mais agudo ao cômico mais pastelado.
Até que em um dado momento pôde se virar no espaço vazio e a coisa estava ali. É verdade que viu mesmo sem ter olhos, visto que era claro que não possuía nada de cunho carnal, mas sabia que via. Fitou como quem se concentra pra ver através da neblina e constatou: um corpo!
Ficou ali mirando e admirando o corpo não se sabe por quanto tempo. Olhava, analisava, e em meio a essa contemplação foi percebendo um corpo nu, deitado e sereno, sem qualquer tipo de expressão de dor ou alegria. E mesmo com toda sua imobilidade o corpo tinha seu encanto. Percebia à distância os olhos fechados e uma paz que comove.  
Nesse instante, sentiu correr pelo seu rosto inexistente uma lágrima também inexistente e gelada. Foi deixando-se tomar pela paz do corpo que via e quanto mais se inundava de paz, mas leve se sentia. Foi olhando e soltando. Foi olhando e desconectando. Foi olhando e rarefazendo. Foi olhando, até que sumiu no ar.  
 

E na tarde chuvosa do mundo real, naquele exato momento, ouviu-se um ruído contínuo que vinha do monitor de sinais vitais e a voz grave do médico plantonista:  
- Hora da morte: 14h47!  

 

tq
 

quinta-feira, 30 de janeiro de 2025

Sem hora!

Como é difícil viver carregando um cemitério na cabeça...

 

Sem hora

Composição: tony quintino


Pela vida é que te faço ela

Bem ou mal, histórias pra contar

Visto assim é um raio na janela

Corre e vem que o fim já vai chegar


Mas passou, o abraço que ficou

Tanto pra se lembrar

Senta aqui, conta se é feliz

Tanto pra se guardar


Mede a vida, coube numa tela

Surreal, um sonho devagar

Na cidade tantas paralelas 

Tudo bem ser apenas um rapaz


Desatou o laço que te guiou

Hora de mergulhar 

Cedo ou não, simples de coração 

Horas de deixe estar


Tempo, tempo

O que dirá pra nós?

Se tudo passa e o que é de graça tem mais valor

O riso largo e claro

As mãos do afago e amparo 

Que já se foi


Tempo, tempo

E o que será de nós?

Se a cada passo o então cansaço faz-se maior

Ensina a perceber

Não deixa esquecer 

Que seja o tal relógio invisível 

E não querer lembrar é impossível 



tq

terça-feira, 24 de dezembro de 2019

57!

57
Composição: tony quintino

Não sei se a verei novamente
Não sei se isso é bom ou ruim
O sofrimento quer dizer que você tentou
O que se é capaz de fazer por amor?

Não sei se te amarei sutilmente
Não sei se o meu amor é assim
Se as paixões precisam ir para algum lugar
Morar nas asas das canções melhor não há

Se foi assim que nos perdemos de vez
Por entre passeios na cidade que chora
Se foi assim que escolhemos viver
Por entre veleiros sobre morte e perigo

Se a vida for nos surpreender
Contando histórias de mim e você
Sei que cuidei do seu coração mais do que o meu

E a coleção de momentos ficou
Jamais se quebra, não importa o depois
Memorizei do toque das mãos à paz que me deu

A sereia riu
Viveu, sentiu
Amou também




tq

segunda-feira, 25 de novembro de 2019

Milonga do amor distante!

Milonga do amor distante
Composição: tony quintino

Quando um sonido cerra e vem me tirar a razão
Quando um estampido berra e cega de vez a visão
Quando o chorado prega peças no espaço de um não
Quando o estampado nega prazeres ao meu coração

Sinto saudades da prenda
Da nossa rima perfeita
Dos nossos verbos de amor
Da nossa estrada direita

Sinto saudades do tempo
Do nosso amor redomado
Da nossa simples canção
Dos lindos olhos vidrados

Quando a dor se acoberta e traz mais pra perto a ilusão
Quando a lembrança aperta, desagua na foz da emoção
Quando a esperança peca nas horas de desilusão
Quando o silêncio seca me perco de vez, solidão

Sinto saudades da prenda
Do seu abraço apertado
Do seu sorriso tão seu
Dos lábios quentes, molhados

Sinto saudades de um tempo
Que tudo era pra sempre
Que tudo foi mais feliz
Mas se partiu de repente





Sinto saudades do tempo
Das luzes, dos dias e do sétimo andar
Sinto saudades das horas
Em cada poesia quando não está

Sinto saudades, lembrança
Já que hoje o amor não passa de lenda
Já que hoje nos olhos eu trago uma venda
Sinto saudades, esperança





Sinto saudades da prenda
Da nossa estrada perfeita
Do seu sorriso de amor
Da nossa rima direita

Sinto saudades da prenda
Dos lindos olhos molhados
Da nossa simples feliz
Mas se partiu canção


tq

quarta-feira, 23 de outubro de 2019

O farol!

A música iluminando os caminhos...


O farol
Composição: tony quintino

Dizem que na primavera os corações andam de bicicleta
Dizem que na primavera as canções do amor são armas secretas

Mas tudo em qualquer estação é a mesma coisa que nada
Sinto-me perdendo de você assim

Dizem que no inverno um canto em solidão por certo entra nas casas
Dizem que no inverno o frio da multidão nas ruas ganha mais asas

Mas tudo em qualquer estação é a mesma coisa que nada
Sinto-me perdendo de você assim


Do mar vejo um farol
É uma lembrança a iluminar a noite escura
Aquele abraço apaixonado
E a insensatez de esperar você
O amor que me condena e me salva
Mais uma vez



tq

terça-feira, 1 de janeiro de 2019

Aquela com todas as resoluções!

Aquela com todas as resoluções

Neste ano irei fofocar menos
Neste ano vou pilotar um jato comercial
Neste ano irei aprender um novo instrumento musical
Neste ano vou tirar mais fotos
Neste ano irei fazer menos piadas
Neste ano vou fazer todos os dias algo que nunca fiz antes

Muitas são as possíveis resoluções para este ano que se inicia
Mas tem uma dentre todas que julgo ser a mais importante e a mais difícil
Esta que venho amadurecendo com o passar do tempo e é chegada a hora
É chegada a hora de dizer adeus

Dizer adeus à essa esperança de que um dia volte
Dizer adeus à essa falsa esperança de que crie coragem em ser bichinho outra vez
Venho tendo esperança do verbo esperar e essa espera machuca e não leva a lugar algum
Devo aprender a fechar algumas portas do passado  para abrir outras no presente

Abrir o coração no presente pensando num futuro
Um futuro que eu possa sorrir sem você
Um sorriso real
Realmente feliz
Felicidade que se vê no olhar
Olhos de noite não mais
Mais que uma simples resolução
Resoluções para 2019
2019, o ano do adeus

tq